sábado, 21 de janeiro de 2017

CAPELA DE SANTA LUZIA - RAFAEL FERNANDES



A Família Oliveira, uma das maiores da região, tinha promessa (voto) com Santa Luzia e celebrava o  novenário em casa do senhor Francisco de Oliveira Filho, em homenagem a Virgem e Mártir de Siracusa. Era a dita “novena bem festejada” e era assistida pela população dos sítios vizinhos. Isto aconteceu por volta do ano de 1917 e daí em diante as festividades só cresceram. Com o passar dos anos os vizinhos, na pessoa do senhor Zequinha, que Ra genro de seu José Ferreira da Costa, surgiram a  construção de uma capela para melhor receber os devotos de Santa Luzia e celebrar os festejos, em hona a Virgem e Mártir Santa Luzia.
     O terreno para a construção foi doado pelo senhor Francisco de Oliveira Filho e família, mas a capela só foi construída, entre os anos de 1943 e 1945. Interessante é que neste período o mundo lá fora vivia a Segunda Guerra Mundial, e os homens, as famílias de Rafael Fernandes, construíam um tempo, lugar onde pudessem se reunir para ouvir e louvar a palavra de Deus. E como disse o poeta: “aqui vivia paz, bem longe da guerra”. As pessoas trabalhavam em forma de mutirão, juntava-se um grupo de homens pedreiros e ajudantes que trabalhavam sem receber dinheiro em troca. O único objetico, era o de construir um recinto bem mais apropriado para o culto religioso. O terreno em volta da capela foi aforado e esteve inicio um vilarejo. Naquele tempo o sentimento religioso era muito forte e todos tinham orgulho de poder contribuir e aos poucos foi se concretizando o grande sonho de construção da capela. Foi erguida a torre e colocado um sino, doação do senhor Adelino Aires, fazendeiro da região. Também foi feito o coro da igreja, todo em madeira, que ficava na altura da torre com uma escada lateral, local onde a mocidade, ou seja, às moças, se reuniam para cantar ladainhas e ofícios nas novenas e missas de finados (era o coral). Hoje não existe mais o Coro da igreja. A primeira missa foi celebrada na capela foi em 3 de fevereiro de 1944. Pelo então Pároco de Pau dos Ferros, Padre Manoel Caminha Freire, mais conhecido como Padre Caminha. Houve batizados e casamentos e muita alegria. Naquele tempo havia um costume, que ainda permanece, é do toque do sino, que informava à população sobre o falecimento de alguém. Se fosse homem o toque do sino seria: um toque e  dois toques, se fosse mulher seria: dois toques depois um toque. Tinha época que o sino quase não parava, porque morriam muita mulher de parto e muita criança de desidratação. Era muito triste.
   Hoje a capela de Santa Luzia é completa. Possui seu altar moderno (mesa de mármore), o altar moderno foi instalado depois do Concilio Vaticano II, quando houve uma renovação em toda igreja, houve mudanças como: a) liturgia passou a ser celebrada no idioma e cada povo).a igreja tem serviço de som, lustres, bancos e cadeiras, ventiladores e muitas imagens que foram doadas por fiéis pagando promessas (votos) e são expostas na capela. Naquele tempo, antes do Concilio Vaticano II, a liturgia era toda em latim, idioma adotado pela igreja que se centralizava em Roma, Portanto desde os primórdios da igreja e da sua expansão pelo mundo ocidental, mais precisamente a Europa e a América, a liturgia da igreja católica, era celebrada em Latim, (missas, batizados, casamentos, exéquias, novenas, ofícios e ladainhas). Hoje o latim é uma língua morta, usada apenas em algumas literaturas da Teologia e algumas palavras e expressões usadas em Advocacia. Sendo assim a liturgia era igual para todos, mesmo não se sabendo exatamente o que era falado

MARIA AFONSO DA SILVA



FONTE:
Nasceu em 29 de novembro de 1947, no sítio Picos, município de Martins, hoje município de Antônio Martins-RN. Filha do senhor Manoel Jacinto da Silva e de Geraldinha Gomes da Silva. Autora do livro VAMOS CONHECER RAFAEL FERNANDES

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