A Família Oliveira, uma das maiores da região,
tinha promessa (voto) com Santa Luzia e celebrava o novenário em casa do senhor Francisco de
Oliveira Filho, em homenagem a Virgem e Mártir de Siracusa. Era a dita “novena bem
festejada” e era assistida pela população dos sítios vizinhos. Isto aconteceu
por volta do ano de 1917 e daí em diante as festividades só cresceram. Com o
passar dos anos os vizinhos, na pessoa do senhor Zequinha, que Ra genro de seu
José Ferreira da Costa, surgiram a construção de uma capela para melhor receber
os devotos de Santa Luzia e celebrar os festejos, em hona a Virgem e Mártir
Santa Luzia.
O
terreno para a construção foi doado pelo senhor Francisco de Oliveira Filho e
família, mas a capela só foi construída, entre os anos de 1943 e 1945.
Interessante é que neste período o mundo lá fora vivia a Segunda Guerra
Mundial, e os homens, as famílias de Rafael Fernandes, construíam um tempo,
lugar onde pudessem se reunir para ouvir e louvar a palavra de Deus. E como
disse o poeta: “aqui vivia paz, bem longe da guerra”. As pessoas trabalhavam em
forma de mutirão, juntava-se um grupo de homens pedreiros e ajudantes que trabalhavam
sem receber dinheiro em troca. O único objetico, era o de construir um recinto
bem mais apropriado para o culto religioso. O terreno em volta da capela foi
aforado e esteve inicio um vilarejo. Naquele tempo o sentimento religioso era
muito forte e todos tinham orgulho de poder contribuir e aos poucos foi se
concretizando o grande sonho de construção da capela. Foi erguida a torre e
colocado um sino, doação do senhor Adelino Aires, fazendeiro da região. Também
foi feito o coro da igreja, todo em madeira, que ficava na altura da torre com
uma escada lateral, local onde a mocidade, ou seja, às moças, se reuniam para
cantar ladainhas e ofícios nas novenas e missas de finados (era o coral). Hoje
não existe mais o Coro da igreja. A primeira missa foi celebrada na capela foi
em 3 de fevereiro de 1944. Pelo então Pároco de Pau dos Ferros, Padre Manoel
Caminha Freire, mais conhecido como Padre Caminha. Houve batizados e casamentos
e muita alegria. Naquele tempo havia um costume, que ainda permanece, é do
toque do sino, que informava à população sobre o falecimento de alguém. Se
fosse homem o toque do sino seria: um toque e dois toques, se fosse mulher seria: dois
toques depois um toque. Tinha época que o sino quase não parava, porque morriam
muita mulher de parto e muita criança de desidratação. Era muito triste.
Hoje a
capela de Santa Luzia é completa. Possui seu altar moderno (mesa de mármore), o
altar moderno foi instalado depois do Concilio Vaticano II, quando houve uma
renovação em toda igreja, houve mudanças como: a) liturgia passou a ser
celebrada no idioma e cada povo).a igreja tem serviço de som, lustres, bancos e
cadeiras, ventiladores e muitas imagens que foram doadas por fiéis pagando
promessas (votos) e são expostas na capela. Naquele tempo, antes do Concilio
Vaticano II, a liturgia era toda em latim, idioma adotado pela igreja que se
centralizava em Roma, Portanto desde os primórdios da igreja e da sua expansão
pelo mundo ocidental, mais precisamente a Europa e a América, a liturgia da
igreja católica, era celebrada em Latim, (missas, batizados, casamentos,
exéquias, novenas, ofícios e ladainhas). Hoje o latim é uma língua morta, usada
apenas em algumas literaturas da Teologia e algumas palavras e expressões usadas
em Advocacia. Sendo assim a liturgia era igual para todos, mesmo não se sabendo
exatamente o que era falado